Independentemente de ser engenheiro ou não, algumas pessoas adoram rotina. Com ela, procedimentos padrões e previsíveis, dia após dia.
Quando algum evento cósmico ocorre, algo foge da normalidade. É como se desse uma mexida brusca no cérebro, desorientado tudo ao redor.
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Já existem pessoas, assim como eu, que detestam rotina. Por isso, fazem trajetos diferentes para o mesmo destino, mudam mensalmente o sofá de posição, colocam R$ 50 de gasolina e no próximo abastecimento colocam R$ 100, no próximo R$ 80, variando.
Acho tudo isto muito aceitável, quando estamos falando de vida pessoal e escolhas que não impactam na segurança e qualidade de outras pessoas.
Na indústria, tudo impacta em todos. A padronização e previsibilidade, neste cenário, não é passível de discussão ou escolha. Deve, portanto, ser definida, executada, e revisada periodicamente, como processo de melhoria contínua em cima daquilo que se julga crítico, para que procedimentos sejam melhorados.
Nada é tão bom que não possa ser melhorado. Contudo, perceba: uma vez que você observe um plano de ação melhor que o vigente, não poderá simplesmente executá-lo sem apresentar a todos em uma reunião, e então definido como novo método.
Não basta que você saiba, mas que todos saibam. Uma indústria que tem este entendimento enraizado na cultura dos seus colaboradores, tem uma grande chance de evitar sinistros. E é a engenharia a profissão apropriada para definir tais padrões.
Nas minhas palestras atuais, costumo dizer que temos que ter mente de programador. O programador sabe que se uma linha estiver com um código errado, todo o sistema fracassa.
É o verdadeiro exemplo de que a união faz a força, e que uma peça que caia, todos são derrubados. O programador faz o bem feito linha por linha, é zeloso código por código, mas tem sempre a visão do todo.
Numa montadora automatizada, o braço mecânico só pega a peça quando tem a absoluta certeza que a peça estará lá, naquele exato momento, com aquele determinado peso e geometria.
Os desperdícios são mínimos, os erros quase nulos e, se você olhar de fora, vai parecer que todo o sistema segue a 5a Sinfonia de Beethoven.
Mas nós humanos não somos máquinas, não somos programáveis, tampouco excluídos do erro. Mas temos a capacidade de construirmos as tais máquinas infalíveis.
Neste entendimento, percebo que somos também capazes de sermos harmônicos. Certamente, desde que tenhamos procedimentos padronizados, fluxogramas bem elaborados e de conhecimento de todos.
E por fim, auto supervisão. Façamos o simples, antes de avançar.
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