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Indicadores de Manutenção: a lista final

Os Indicadores de manutenção são fundamentais para a estratégia de manutenção. Neste artigo você vai descobrir se existe de fato uma lista de indicadores de manutenção para se guiar, de acordo com pesquisas e estudos na área e um pouco da minha visão sobre o assunto! 

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Quais devem ser os objetivos dos indicadores de manutenção?

O papel prioritário do gerente de manutenção é traduzir a estratégia da organização para o cotidiano da manutenção.

O gerente ruim fará isso de forma apenas retórica, com discursos vazios e desconectados do que é feito no chão de fábrica. O gerente bom fará isso de forma prática, encontrando conexões práticas entre a estratégia e o chão de fábrica.

Provavelmente estes dois gerentes vão utilizar indicadores de manutenção.

O gerente ruim vai escolher os que são mais fáceis de cumprir ou enganar, preocupando-se apenas em parecer melhor que os outros gerentes perante a diretoria. 

O gerente bom vai escolher uma carteira de indicadores de manutenção que seja capaz de cumprir três objetivos:

  • (1) direcionar o trabalho das pessoas
  • (2) buscar a contribuição máxima da gerência de manutenção para a organização e 
  • (3) permitir a comparação com outras gerências de manutenção.

Vamos esquecer (pelo menos durante a leitura deste texto) todos os gerentes ruins de manutenção e seus indicadores de manutenção e focar nos três objetivos do outro.

Quais indicadores de manutenção devem ser acompanhados?

Existe uma lista universal de indicadores de manutenção, capaz de cumprir os três objetivos do gerente bom? 

Para responder essa pergunta trouxe aqui um resumo dos indicadores de manutenção estudados e mapeados pelo pesquisador Parida. 

Mas, em primeiro lugar, é preciso perceber uma pequena contradição entre os objetivos. Cada organização possui características próprias que precisam ser capturadas pelos indicadores de manutenção, mas se esta captura for muito intensa a capacidade de se comparar com o mercado e absorver as melhores práticas, desaparece.

Veja também: KPI: o que é e como aplicar em 6 passos

Indicadores de manutenção segundo Parida

Existem vários pesquisadores no mundo tentando responder esta questão aplicando o método científico. Dentre estes, os suecos já se consolidaram como líderes nesta linha de pesquisa. O estudioso da área rapidamente irá perceber isso através do trabalho do trio da universidade de Lulea: Parida, Kumar e Galar.

Talvez por influência da ISO-55000, o ritmo de publicações nesta área diminuiu bastante nos últimos anos. A última revisão da literatura foi em 2015 e, seguindo uma tradição do meio acadêmico, Parida foi convidado por ser o pesquisador mais respeitado do assunto. O artigo se chama Performance measurement and management for maintenance: a literature review.

Entre as diversas informações úteis do review da Parida, ele mostra que a Federação Europeia de Associações de Manutenção (EFMNS) e a Sociedade Americana de Profissionais de Manutenção e Confiabilidade (SMRP) a partir de 2006 passaram a colaborar no Projeto de Harmonização de Indicadores, documentando os resultados nas normas europeias EN 15341: Maintenance Key Performance Indicators e IEC 60050-191: Dependability and Quality of Service, SMRP Best Practice Metrics Glossary.

Ou seja, existem listas de indicadores de manutenção, afinal. Contudo, elas foram criadas com o propósito de benchmarking apenas. O bom gerente saberá misturar as recomendações destas listas com indicadores de manutenção específicos de sua organização.

Ressalvas feitas, os indicadores harmonizados seguem abaixo, com a codificação da EN 15341. Eu alterei ligeiramente as descrições para que ficassem mais curtas. CTM significa custo total de manutenção.

  • E1: Custo anual de manutenção como % de um ativo novo.
  • E3: Custo de manutenção por unidade de produto.
  • E7: Valor estocado como sobressalentes como % de um ativo novo.
  • E8: Custo dos colaboradores próprios como % do CTM.
  • E10: Custo de serviços contratados como % do CTM.
  • E11: Custo de materiais como % do CTM.
  • E12: Giro dos estoques (custo de materiais como percentual do valor estocado).
  • E13: Custo com pessoal indireto como % do CTM.
  • E15: Custo de manutenção corretiva % do CTM.
  • E17: Custo de manutenção sob condição como % do CTM.
  • E18: Custo de manutenção preventiva como % do CTM.
  • E20: Custo de paradas como % do CTM.
  • E21: Custo de treinamento como % do CTM.
  • T1: Disponibilidade (tempo em manutenção como % do tempo total).
  • T2: Disponibilidade (tempo disponível como % do tempo requerido).
  • T17: MTBF.
  • T18: % de sistemas cobertos por análise de criticidade.
  • T21: MTTR.
  • O3: Razão de colaboradores diretos e indiretos.
  • O8: HH dedicado a melhoria contínua como % do HH total consumido.
  • O10: Colaboradores em escala de turno como % do total de colaboradores.
  • O16: HH dedicado a manutenção corretiva como % do HH total consumido.
  • O17: HH dedicado a manutenção reativa como % do HH total consumido.
  • O18: HH dedicado a manutenção proativa como % do HH total consumido.
  • O19: HH dedicado a manutenção sob condição como % do HH total consumido.
  • O20: HH dedicado a manutenção preventiva como % do HH total consumido.
  • O21: HH dedicado a horas extras como % do HH total consumido.
  • O22: Cumprimento da programação.
  • O23: HH dedicado a treinamento como % do HH total consumido.
  • O26: Número de sobressalentes fornecidos como % do total solicitado.

Veja também: PPCM: uma anatomia sobre o planejamento de manutenções

Estratégias de indicadores de manutenção para usar no dia a dia 

A lista de indicadores possui sua utilidade, mas não resolve o problema dos indicadores de manutenção do dia a dia. O texto mais útil que já li sobre indicadores de manutenção é Development of Maintenance function performance measurement framework and indicators, um artigo publicado em 2010 por Peter Muchiri, Liliane Pintelon, Ludo Gelders e Harry Martin.

Os autores propõem um framework para desempenho da manutenção na forma de um processo cíclico onde a estratégia da organização é desdobrada em indicadores e metas, e os resultados obtidos são analisados criticamente e realimentados.

Workflow dos indicadores de manutenção

O texto também traz a interessante separação dos indicadores de manutenção entre leading e lagging. É difícil traduzir diretamente estes conceitos, então usarei um exemplo prático: o indicador de cumprimento da programação semanal não melhora diretamente o fluxo de caixa da empresa, e por isso é chamado de leading. Contudo, é consenso que a manutenção programada colabora diretamente com a disponibilidade das plantas, este sim um indicador que afeta diretamente o caixa da empresa, e por isso é chamado de lagging.

Os indicadores leading estão agrupados por etapa do processo de manutenção (identificação, planejamento, programação e execução), e alguns exemplos são: backlog, percentual de trabalho planejado, e cumprimento da programação. A lista completa segue abaixo.

Tabela dos indicadores de Parida

Os indicadores de manutenção lagging estão agrupados em custo e desempenho, e alguns exemplos são: número de falhas, disponibilidade e Custo unitário de manutenção. Não acho necessário incluir a lista completa pois os indicadores em sua grande maioria já constam na lista de indicadores harmonizados.

Lembrando dos três objetivos do nosso gerente bom, os indicadores de manutenção leading são mais úteis para seus objetivos (1) e (2), enquanto os indicadores de manutenção lagging são mais úteis para o objetivo (3).

Particularmente, este framework sempre me foi útil ao sugerir indicadores para os objetivos (1) e (2). Também recomendo uma publicação de 2005, que possui uma estrutura muito parecida com o artigo de Muchiri, chamada Key performance indicators: measuring and managing the maintenance function, que foi publicada por uma consultoria chamada Ivara e redigida pelo consultor Al Weber. Outra fonte de inspiração é o artigo do longínquo ano de 1996 de Jasper Coetzee, chamado Measuring maintenance performance.

Terry Wireman é um dos autores mais famosos da área de gestão da manutenção, e deixou sua contribuição para a área de indicadores no livro Developing Performance Indicators for Managing Maintenance, que eu tenho autografado. Apesar do carinho que eu tenho por este volume, preciso admitir que ele não me foi tão útil quanto as três recomendações acima.

Leia também: Tudo sobre manutenção de máquinas pesadas

Vários autores criaram listas sugerindo indicadores de manutenção. Muitos destes indicadores são velhos conhecidos dos profissionais da área, como backlog, cumprimento da programação e percentual de corretiva.

Porém, nunca será possível estabelecer uma lista universal de indicadores de manutenção para todas as empresas, visto que cada uma possui sua estratégia única, e dentro destas cada gerência de manutenção possui processos de trabalho únicos.

O bom gerente de manutenção sabe que para definir seus indicadores de manutenção precisa analisar profundamente seus processos de trabalho, sua equipe e a estratégia da organização, ao invés de buscá-los prontos nas prateleiras de palpiteiros.

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Sobre o autor

Fabrício Hupp

Atua como engenheiro de manutenção desde 2005, e como professor desde 2015. Engenheiro mecânico pela UFES, pós graduado em Gestão da Manutenção pela UNIVIX, pós graduado em Gestão da Engenharia de Manutenção pela Pragma Academy.

Certified Six Sigma Black Belt (CSSBB) e Certified Quality Engineer (CQE) pela American Society of Quality (ASQ), Certified Maintenance and Reliability Professional (CMRP) pela Society for Maintenance and Reliability Professionals (SMRP).

Coordenou o esforço de certificação PAS-55 na Samarco Mineração de 2013 a 2015. Adaptou o método HFACS para análise de falhas de equipamentos na Suzano Papel e Celulose de 2016 a 2018. Retornando à Samarco Mineração em 2019, desenvolveu uma variação do método de work activity analysis para a manutenção, e atualmente coordena projetos de aplicação de modelos otimizantes de manutenção, uso de aplicativos móveis para encerramento de ordens de serviço, padronização de atividades e gestão de procedimentos de manutenção, entre outros.

Como professor, lecionou a disciplina de gestão de ativos físicos no curso Master em Engenharia de Confiabilidade da PUC de 2015 a 2019, e desde 2021 no MBA em Gestão de Manutenção do IPOG.

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