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Anomalias, falhas e quebras
Técnico

Anomalias, falhas e quebras – Quais as diferenças?

Anomalias, falhas e quebras são conceitos muito usados na área de manutenção. Entenda o que muda entre cada um desses conceitos.

Tenho observado, em muitos materiais sobre manutenção por aí, alguns conceitos não muito coerentes sobre anomalias, falhas e quebras. Na verdade tudo começa com o conceito de função padrão.

Pois bem, analisar problemas é sempre um desafio e temos que pensar que um sistema de análise e solução de problemas, é muito importante para qualquer organização. Isso exige uma disciplina enorme em todas as suas etapas. 

Também exige um conhecimento técnico a respeito do problema, pois, muitas vezes, nos deparamos com pessoas dando opinião sobre as análises sem sequer ter ido ver o fenômeno e da sala mesmo tecer opiniões sobre o tratamento. 

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Esse tipo de situação é extremamente comum e demasiadamente perigosa, pois muitos opinam sobre o tratamento sem ter nenhuma base sobre o assunto.

Começando rapidamente por alguns elementos conceituais, para se fazer a análise de um problema, primeiramente é necessário entender: o que é função padrão? 

Podemos defini-la como a  função pela qual o ativo é responsável por desempenhar. Por exemplo, no caso de um automóvel de uma família, digamos que a função padrão dele seja transportar essa família em viagens com uma velocidade média de 100 km/h e com segurança. 

Vejam que nesse conceito colocamos parâmetros para discriminar o que se espera daquele ativo. Portanto, esse é o desempenho esperado, essa é a função padrão que se requer dele.

Agora que entendemos o que é função padrão, vamos supor que durante nossa viagem, em determinado trecho os pneus fiquem descalibrados e com pressão inferior à recomendada, porém nada a ponto de impedir que a velocidade média mude e muito menos que haja a necessidade de interromper a viagem. 

Contudo, como sabemos, deve haver um ligeiro aumento no consumo de combustível e um desgaste um pouco mais acentuado da bandagem dos pneus. Logo, essa condição trata-se de uma anomalia. Traduzindo, a anomalia é um estado do ativo que podemos perceber de alguma forma, mas que não vai trazer nenhum impacto para a função padrão do ativo. 

Resumindo, quando a anomalia se apresenta, existe uma pequena perda, porém ainda não há nenhuma redução no que diz respeito ao desempenho discriminado na função padrão do equipamento.

Avançando mais um pouco em nossa viagem, já verificamos que a pressão de um dos pneus caiu ainda mais, com essa redução da pressão o motorista por cautela reduziu a velocidade, mas não chegou a um ponto de ter a necessidade de interromper a viagem. 

Nesse caso, dizemos que o automóvel está com uma falha, ou seja, a anomalia avançou e a função padrão agora é parcialmente atendida, já que o parâmetro de velocidade teve que ser reduzido para garantir o requisito de segurança. Alguns autores chamam essa falha de falha potencial e corresponde ao ponto P na curva abaixo.

Indo ainda mais adiante em nossa jornada, o pneu murchou completamente, a ponto de parar o automóvel impedindo o veículo de seguir adiante. Nesse cenário o ativo (automóvel) teve sua função padrão completamente interrompida, logo dizemos que houve uma quebra

Sendo assim, quebra é quando a falha evoluiu bastante ao longo do tempo e impediu que o ativo desempenhasse sua função padrão por completo. Alguns autores chamam a quebra de falha funcional e corresponde ao ponto F na curva abaixo.

Agora que temos os conceitos de função padrão, anomalia, falha e quebra, conseguimos ver isso claramente na curva abaixo que traduz a vida do ativo ao longo do tempo e seu desempenho quanto ao atendimento da sua função padrão. 

A função manter na Gestão de Ativos, tem o desafio de usar técnicas para encontrar anomalias ou falhas e corrigir rapidamente, de modo a evitar as quebras ou paradas indesejadas desses ativos durante as manutenções.

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É claro que, apesar de ter havido a parada total do ativo, a dita análise de falha (quebra) nos traz muitos aprendizados e precisa ser bem executada. Para tal, destaco brevemente alguns pontos que considero extremamente importantes:

1. Investigação do ativo:

Vá até o local do fenômeno e investigue o que aconteceu junto com as pessoas que participaram da ocorrência. Isso deve ser feito o mais breve possível para evitar que informações importantes sejam perdidas. Jamais procure fazer a análise da sala, com achismos e suposições. Estabeleça a cultura dos fatos e dados, com evidências claras.

2. Equipe qualificada:

Monte um time multidisciplinar para análise das causas e efeitos. Existem diversas ferramentas no mercado para se fazer isso, como diagrama de causa e efeito, FTA, etc.

3. Atenção durante as análises:

Não confunda sintoma com causa. Isso é uma armadilha extremamente comum. Exemplo: o menino não foi à escola porque estava com febre. Febre é sintoma ou causa? Normalmente, a febre é um sintoma que se manifesta em decorrência de alguma enfermidade.

4. Faça um plano de ação robusto:

Tenha foco nas causas raízes dos problemas e estabeleça responsáveis que tenham capacidade e autoridade para executar as ações. Além disso, procure adotar prazos exequíveis.

5. Fuja de ações mirabolantes:

Lembre-se sempre que as melhores ações são as mais simples.

6. Registre todo o histórico da manutenção:

Divulgue para todos os interessados os aprendizados daquele evento. Isso gera sinergia e credibilidade para o sistema.

7. Mantenha o monitoramento do plano de ação:

Cheque a qualidade da execução das ações.

Reforçando que: trabalhando nas quebras estamos sendo reativos e, caso possamos detectar as anomalias ou falhas, corrigi-las antes de suas evoluções, os resultados serão espetaculares, porém essa condição é extremamente difícil e desafiadora.

Mesmo sendo reativo analisar as causas dessas quebras e mitigá-las é um processo extremamente rico, que aumenta muito o conhecimento dos times e, consequentemente, da empresa, evitando que essas perdas venham a se repetir.

Por fim, encerro aqui esse artigo com a expectativa de ter firmado os conceitos de função padrão, anomalia, falha e quebra e ter trazido alguns tópicos que considero importantes em um sistema de análise e solução de problemas. 

É claro que aqui não tenho a intenção de ter uma profundidade mais intensa do que um treinamento, mas sim tecer um pouco sobre o tema. 

Caso alguém tenha alguma dúvida ou esteja interessado em melhorar os métodos de análise e solução de problemas da sua empresa, fique à vontade para contatar.

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Sobre o autor

Everthon Rocha de Souza

Gerente de Manutenção, com passagens pela Suzano e Gerdau. Intensa expertise em Sistemas de Gestão de Processos Industriais (Kaizen, Lean, PDCA), Sistemas de Manutenção (TPM, RCM, WCM). Reconhecido como líder inspirador, com foco nas pessoas para alcançar os objetivos do negócio.

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