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A arte do Planejamento Estratégico: preparar o barco, recrutar os marujos, içar as velas e enfrentar o oceano

Planejamento Estratégico é fundamental em qualquer seguimento, mas essas dicas são essenciais para os prestadores de serviço

Olá, pessoal!

Devido às diversas perguntas sobre o tema, decidi escrever uma série de artigos com o intuito de mostrar de forma bem resumida os principais elementos a se considerar em um Planejamento Estratégico, tema tão importante para o futuro das empresas e que muitas vezes é executado de forma equivocada por algumas organizações.

Antes de tudo, vamos falar sobre o primeiro mito, e talvez, o maior deles: o planejamento estratégico da manutenção é só para empresas grandes.

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Esse é, para mim, o maior mito de todos quando falamos desse assunto, pois o planejamento trata de montar a estratégia, traçar os caminhos para o futuro da empresa, olhando para o presente e para a capacidade de execução. 

Saber para onde ir, onde quer chegar e traçar como fazer isso, lançando mão de estratégias alinhadas e sincronizadas, isso vale para empresas de qualquer tamanho. 

Então, seja qual for o tamanho da sua empresa ou do seu negócio, o planejamento estratégico é muito importante. Assim, parafraseando a sentença acima, diria que o planejamento estratégico é para as grandes empresas e não apenas para empresas grandes.

Logicamente que o tamanho da sua empresa e a dinâmica dos negócios vão ditar a forma que se vai elaborar o planejamento estratégico. Fazer esse tipo de planejamento para uma S/A é bem diferente do que fazer para uma startup que, por sua vez, é diferente de uma pequena empresa já estabelecida. Contudo os conceitos e os elementos desse processo serão os mesmos.

Vamos falar de planejamento, mas não vamos esquecer a execução

A todo momento estamos buscando fazer coisas novas, fazendo planos mirabolantes e buscando resolver nossos problemas. Basta ver nossas promessas de fim de ano que, em sua maioria, não acontecem. Nas empresas não é diferente. Ainda há o agravante das empresas serem formadas por várias pessoas, com ideias diferentes e exigindo um esforço para convergirem.

É muito comum chegarmos ao início de um ciclo de planejamento cheio de promessas, se vamos fazer isso ou aquilo, e quando vemos as empresas dão aquele voo de galinha. 

Vai alto no começo, mas não chega muito longe, porque não teve estratégia para se manter no alto. Com isso, após sucessivos voos a empresa vai perdendo energia e o processo vai ficando desacreditado além de ser um desperdício de dinheiro e de recursos. Pessoas ficam desacreditadas e ficam desmotivadas com esses planos não resolvidos, além de ser criada uma imagem de empresa que tem pouca realização.

Assim é necessário muito além do que planejar, é necessário também executar. A execução é o que realmente vai dar resultado, é o que realiza e transforma a condição atual e constrói o futuro. 

Mas que futuro? Caso você foque também só na execução desenfreada, no “deixa a vida me levar”, talvez chegue em algum lugar, mas certamente pode não ser o melhor lugar ou ainda ser o lugar que alguém planejou para você ficar.

Dessa maneira, o planejamento é o link entre a condição em que você pensa estar no futuro e a execução, para que isso se torne realidade. É pavimentar a jornada entre o desejo futuro e a realização desse caminho passo a passo. Afinal de contas, qualquer jornada é construída dando um passo de cada vez.

Assim, fazer o planejamento estratégico é construir um plano de curto prazo, mantendo a empresa em operação, funcionando e dando lucro e com um olhar para o futuro, de maneira equilibrada, mirando onde se quer chegar, construindo uma vantagem competitiva sólida e direcionando toda empresa para esse objetivo.

Antes de mais nada, precisamos reforçar que, para montar o planejamento estratégico de uma empresa, é muito importante que já se tenha estabelecido o modelo de negócio, para então desenvolver a dinâmica de montar a estratégia que pavimente a jornada de construção do futuro.

Além de saber para onde ir, é de fundamental importância saber também onde não se deseja seguir. É importante dizer não para algumas coisas e fazer escolhas sobre o que se quer, escolher os campos onde se quer jogar, escolher os melhores jogadores para as partidas. 

Quando falo em jogadores não são apenas funcionários, falo também de parceiros, consultores, empresas de treinamentos, distribuidores, representantes, franqueados etc.

Já conversamos demais sobre a importância do planejamento estratégico e o que ele pode trazer de tão relevante para a empresa, vamos conversar sobre o método. Mas antes quero dizer que aqui vamos dar apenas um briefing das etapas e posteriormente, em outros artigos, vamos no detalhe dessas etapas. 

Então vamos lá!

1. Situação atual – Choque de realidade

Para a elaboração de um planejamento precisamos de um ponto de partida, esse ponto é a situação atual. Nessa condição não precisamos de floreios e sonhos, muito menos de achismos, precisamos levantar a situação atual da empresa com base em fatos e dados, de forma realista.

Essa situação, às vezes, é muito dura, mas precisa ser encarada com muita maturidade, sendo o impulso para seguir em frente. 

Nessa condição é necessário olhar a empresa sob diversos ângulos, checando a visão do mercado, dos concorrentes, qual o posicionamento da empresa nesse jogo, quais são suas fortalezas e fraquezas, bem como qual a vantagem competitiva.

Portanto, nessa situação, é fundamental cercar-se do máximo de especialistas, munir-se de informações válidas e refletir bastante sobre como estamos nesse oceano repleto de tubarões.

2. Construção da estratégia – Pegar os mapas, traçar a rota e sonhar grande

Gosto muito dessa parte, pois é aquele momento em que pensamos: bom, já sabemos como estamos posicionados e quais nossas fortalezas e fraquezas, bem como as dos nossos concorrentes. Agora, precisamos saber qual futuro desejamos para o nosso negócio. Esse momento exige alguns passos:

a) Precisamos aqui estabelecer uma aspiração matadora, aquilo que vai impulsionar toda a organização para frente, o verdadeiro propósito de existência. Isso será como o ponteiro da bússola nos mostrando sempre a direção a seguir. Tem que sonhar grande, pensar no futuro sem medo, mas traduzir isso de uma forma genuína, concreta e tangível.

Recomendo que assistam esse vídeo: 

The Golden Circle Simon Sinek.

b) Definir quais mares iremos navegar e quais não vamos. Foco é a tônica para seguir em frente. Quem quer tudo de uma única vez pode ficar à deriva sem saber qual direção ir. Portanto é imprescindível estabelecer qual a direção estratégica.

c) É necessário olhar quais são as outras embarcações que participam dessa regata e os pontos fortes e não tão fortes delas. Como vamos criar uma vantagem competitiva diante disso para trazermos mais clientes e ampliarmos nosso resultado. Além disso, muita cautela, porque aqui as coisas são extremamente dinâmicas e voláteis, então, monitorar cada milha navegada é fundamental nessa jornada.

d) Olhar para dentro e nos fazer a pergunta: quais capacidades precisamos ter para vencer essas jornadas? Aqui, não estamos falando apenas de funcionários, estamos falando de nós líderes e de todos que estão inseridos nesse processo. 

Nossas fortalezas e fraquezas, nossas necessidades de capacitação, de consultores experientes para nos guiar, de aliados importantes que possam auxiliar a empresa a ter um alcance cada vez maior e de uma forma cada vez mais fluida (interna e externamente). Traduzindo, a aspiração e a fomentação em cada passo para o futuro.

e) Como tudo isso irá funcionar de uma forma sistemática, sinérgica e pulsando todos na mesma direção. Aqui, precisamos ficar sempre de olho no radar e mostrando se cada passo que estamos dando está nos levando no caminho certo que traçamos. 

É aqui que vamos dar o rumo certo, com o mapa e a bússola nas mãos, checando tudo de uma forma detalhada e acertando os caminhos, caso seja necessário. Portanto, estabelecer as metas e os rituais é fundamental nesse momento.

3. Sabendo para onde ir – Agora é içar as velas e seguir para o mar

Uma vez definido onde se quer chegar através de um propósito claro e compartilhado com todos, estando ciente das nossas fortalezas e deficiências, assim como a dos nossos concorrentes, estamos prontos para velejar nos mares que escolhemos navegar.

Nessa fase, cada um deve saber o seu papel na estratégia. Os planos de ação e as metas devem ser estabelecidas de forma clara, mais ainda, o ritual de check deve ser implementado de maneira rígida, pois ele é quem vai trazer a cadência dos negócios.

Estabeleça poucas e boas metas que direcionam o negócio, entenda o entrelaçamento dessas metas dentre as diversas partes da empresa, além de um sistema de coleta de informações que seja rápido e fácil.

Como já dizia o guru Vicente Falconi: “Quem não mede não gerencia!” Precisamos saber se estamos de fato seguindo na direção correta e fazendo os pivoteamentos necessários ou perseverar em nossa jornada.

Fazer um plano de ação robusto e que traduza a estratégia, bem como estabelecer metas matadoras, que traduzam a real necessidade dos negócios não é tarefa fácil. Mas não se preocupe, farei aqui um post somente para isso.

Diante de tudo isso é necessário liderança e coragem para seguir em frente nesse oceano.  Com marinheiros experientes e marujos de primeira viagem, mas cada um sabendo o seu papel e trabalhando em prol do propósito da organização, que deve sempre nortear a todos em qualquer momento para que definitivamente o futuro seja construído. 

Reforçando que, nem sempre, teremos calmaria e que muitas vezes os mares estarão revoltos e muitos marinheiros vão pensar em desistir, mas é preciso que se tenha perseverança e firmeza de propósito, com clareza de onde se quer chegar, afinal de contas os bons marinheiros são formados nas tormentas e que, após a tempestade, sempre vem a bonança.

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Sobre o autor

Everthon Rocha de Souza

Gerente de Manutenção, com passagens pela Suzano e Gerdau. Intensa expertise em Sistemas de Gestão de Processos Industriais (Kaizen, Lean, PDCA), Sistemas de Manutenção (TPM, RCM, WCM). Reconhecido como líder inspirador, com foco nas pessoas para alcançar os objetivos do negócio.

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